terça-feira, 26 de dezembro de 2006

IMPARCIALIDADE

Será que só eu acho que muita coisa errada esta acontecendo, e os jornais não dão destaque no que realmente é importante. Nos próximos post tentarei mostrar que nem tudo que se lê tem apenas um ponto de vista, ponto de vista este normalmente adotado de forma misteriosamente unânime pelos meios de comunicação.
Pois em tempos de internet a informação circula livre, ou quase livre, e o sistema de censura deve ser abolido a qualquer custo. Sou da opinião que não existe opinião que deva ser censurada. Se uma pessoa acha o Hitler, o Bush, o Saddam Hussein um herói, o problema é dela, se vc tem argumentos para contrariá-la, exponha a sua opinião, mas sem obrigar ninguém a nada.
Escrevo isso pois apesar de parecer obvio tenho visto muitas idéias serem caladas a força ultimamente.

LER DEVIA SER PROIBIDO


A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp.71-3.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

LULA PRESIDENTE

Eleições 125.913.479 de eleitores e 2:19 para saber o novo presidente, impressionante, realmente não da pra entender o que a mesma firma fez nas eleições do Equador para demorar uma semana para contar meia dúzia de votos.
Gostei muito da vitória do Lula pra presidente, pois mantêm o pais nas mãos de quem vai ou deveria dar uma ajuda para a população mais carente.
Pois uma diferença muito grande que vi aqui na Alemanha é que o que o brasileiro chama de classe média e baixa aqui eles só chamam de povo, pois a diferença do salário do engenheiro pro servente não é muito grande, afinal o serviço do servente é muito mais difícil e isso é muito considerado por aqui.
Não que eu concorde em dar esmolas como a bolsa família, ....
Pois como dizia aquele velho ditado "Muito melhor do que dar o peixe é ensinar a pescar".
Mas essa diferença só vai cair mesmo quando o Brasil não tiver tanta mão de obra sobrando, pois hoje por uma miséria(R$350) um operário se mata de trabalhar o mês inteiro.
Então depois do Lula ter conseguido acertar pelo menos na área econômica no primeiro mandato, espero que agora ele cumpra os 5% de crescimento anual.
A respeito dos escândalo do PT, não vi nada fora do normal, pois das vezes que trabalhei com coisas ligadas ao governo tudo funcionava na base do suborno. Dizem que a porcentagem dos governantes do PT é mais alta, pode até ser, mas querer achar algum político honesto no Brasil é muito difícil. Principalmente porque ninguém consegue se eleger se não gastar um montante gigantesco na campanha, e depois de eleito eles se preocupam e conseguir dinheiro pra próxima campanha e claro pro pé de meia pois podem acabar perdendo a eleição.
Quanto ao Paraná foi uma pena o Requião ter ganhado pois ele neste primeiro mandato foi o melhor governador que "Santa Catarina" já teve.